

A pandemia do novo coronavírus, além de causar um colapso no sistema de saúde do Brasil e do mundo, acabou afetando diretamente diversas empresas dos mais variados segmentos, dentre elas, as emissoras de televisão. Com a o número de casos e mortes aumentando descontroladamente, produções precisaram ser interrompidas e novos protocolos criados para evitar ainda mais a proliferação do vírus.
Um dos setores que mais sofreu com essa crise sanitária, que ainda continua preocupando autoridades, foi o de teledramaturgia. A Rede Globo, a maior na produção de folhetins do país, não só interrompeu as gravações de tramas, precisando exibir reprises durante um bom tempo até que as produções pudessem ser retomadas, como alterou a forma de se fazer novela, o que não agradou diversos autores.
Além exigir que todos os seus colaboradores estejam devidamente vacinados, sob ameaça de demissão, e que sigam todos os protocolos, como o uso de máscara de proteção e álcool em gel, a emissora dos Marinho foi mais adiante e definiu que todas as suas novelas só serão transmitidas quando estiverem completamente gravadas ou, pelo menos, quase prontas.
A nova regra acabou sendo recebida com certa insatisfação por grande parte dos autores de novelas, que sempre tiveram a liberdade para alterar o rumo da história quando achavam necessário. A impossibilidade de mudanças, precisando ficar “preso” no que já foi feito, vem deixando Mauro Wilson, autor da novela “Quanto Mais Vida, Melhor”, um tanto quanto incomodado.
Em entrevista divulgada pelo portal Notícias da TV, ele disse que sempre se depara com algo que inevitavelmente imagina que poderia ter sido alterado para ficar melhor: “Hoje, vendo no ar, tem coisas que acho que poderia ter feito melhor. Penso: ‘Poderia ter desenvolvido isso melhor’. É claro! Passei a vida inteira escrevendo seriados, mas eram 12 episódios, não eram 161 capítulos, uma história longuíssima em que mudanças a fazer, viradas o tempo inteiro”.
O autor não pensou duas vezes antes de se queixar da forma como precisou trabalhar como um folhetim, tendo em vista que muita coisa poderia ser modificada: “Sinto um pouco falta disso. Na verdade, quando resolvi escrever a novela, uma das coisas que me deu vontade de fazer foi a oportunidade de poder mexer na obra em continuidade, coisa que nenhum de nós conseguimos”.
Por fim, Mauro Wilson disse que, mesmo arrancando dele e dos colegas de profissão o direito de mexer nos rumos de suas trama, ficou contente com o resultado: “Estou amando a novela, amando os quatro protagonistas. Vejo a novela como se fosse um espectador comum. Esqueço tudo que escrevi, de repente estou lidando como se fosse uma novidade. Mesmo sem a oportunidade de fazer alguns ajustes, que seria o o normal, estou gostando muito”.